Um domingo à tarde perfeitamente normal na Rua Galeria de Paris. Ou não? Há uma miúda sentada no chão a tocar um metalofone com os pés na rua enquanto queima um cigarro e o tempo, há gente a trocar carícias lentas de fim-de-semana (numa cena digna de um filme), há uma estranha magia no ar no dia seguinte ao movimento intenso das Galerias. Há até um cantar fugidio em jeito de corrida, voz de cantora soul marcada pelo tempo, que tão rapidamente aparece como desaparece. Há qualquer coisa no ar. Naquele preciso momento, há também o norte-americano Steve Gunn nas traseiras do Café au Lait em dia de concerto duplo (Cian Nuggent era o ouro nome nesse fim de tarde). Entre soundchecks e ajustamentos de luz, mostramos as entradas da cidade do Porto ao guitarrista e este quis devolver-nos as entranhas da sua música, com raízes firmes na tradição folk norte-americana, devedora a John Fahey e ao fingerpicking, com os blues no coração.